12 July, 2010

Cavaleiros

Sem que o Cavaleiro de Ouros deixasse os pensamentos de Ariana, ela viu no horizonte o prenúncio do retorno do Cavaleiro de Copas.

Dúvida? Indecisão? Não, não, Ariana não deixa de viver a própria felicidade enquanto pensa em seus lindos cavaleiros. Apenas gostaria de ter o abraço de um deles nesse momento. Um abraço quente e forte, que a protegesse do frio nas noites de inverno.

Pode ser que o Cavaleiro que Ariana tanto deseja não seja nenhum desses dois, mas ela queria tanto que fosse um deles. São Cavaleiros reais, dignos de receber todo o amor que Ariana tem para oferecer. Dedicação a alguém merecedor dessa atenção.

Pode ser que ambos os Cavaleiros se mostrem indignos. Quantas vezes no passado Ariana já não descobriu que aquele que ela pensava ser um digno cavaleiro era na verdade um bobo da corte? Interessado em fazer rir e viver a vida com todos, menos com ela.

Se eles se mostrarem indignos, não há problema. Ariana sabe que nesse momento ela constrói sua felicidade sem depender de cavaleiros, bobos da corte, ou qualquer outra pessoa. Ela constrói a felicidade dependendo dela mesma, assim será mais fácil tanto acompanhar alguém ou ficar sozinha.

16 June, 2010

Livre-Arbítrio ou Demônio de Laplace?

O Livre-arbítrio implica na livre escolha das ações de um indivíduo. Contudo, a existência ou não do livre-arbítrio tem sido uma questão central na história da filosofia e na história da ciência. O conceito de livre-arbítrio tem implicações religiosas, morais, psicológicas e científicas.

Também denomina-se o livre-arbítrio como "liberdade metafísica", isto é, o poder de escolher entre alternativas genuínas. Para entender melhor o que seriam essas alternativas genuínas, podemos analisar algumas correntes filosóficas.

De um lado, temos o determinismo, que defende que o estado das coisas é totalmente explicado por relações de causa e efeito. De outro, o indeterminismo, que defende que há eventos que não são totalmente causados.

O determinismo filosófico pode ser ilustrado pelo experimento hipotético conhecido como o "Demônio de Laplace" (lembrando que daemon significa espírito). Este "demônio" seria uma entidade que, ao conhecer, no mesmo instante, a velocidade e a posição de cada elemento, se tornaria capaz de deduzir toda evolução do Universo, no passado e no futuro.

Essa entidade representa o tipo de mentalidade do século XVIII, com o sucesso das leis de Isaac Newton e Antoine L. Lavoisier (1743-1794), tanto na física como na química. Essa entidade imaginária - sugerida pelo astrônomo e matemático Pierre Simon Laplace (1749-1827) - mostra como o determinismo estava presente nas ciências clássicas.

Spinoza também aventurou-se nesse tema, comparando a crença humana no livre-arbítrio a uma pedra pensando que escolhe o caminho que percorre enquanto cruza o ar até o local onde cai. Ele diz: "as decisões da mente são apenas desejos, os quais variam de acordo com várias disposições"; "não há na mente vontade livre ou absoluta, mas a mente é determinada a querer isto ou aquilo por uma causa que é determinada por sua vez por outra causa, e essa por outra e assim ao infinito"; "os homens se consideram livres porque estão cônscios das suas volições e desejos, mas são ignorantes das causas pelas quais são conduzidos a querer e desejar". Assim, o livre-arbítrio não seria feito com base em escolhas genuínas, pois haveria uma determinação das escolhas possíveis.

A ciência atual é um misto das teorias deterministas e estocásticas. Alguns cientistas deterministas, como Albert Einstein, acreditam na teoria da variável oculta, dizendo que no fundo das probabilidades quânticas há variáveis postas, ou seja, existem escolhas, mas estas escolhas são pré-determinadas.

O teorema de Bell serve de contraponto, sugerindo que talvez Deus esteja jogando dados, o que poria em dúvida as previsões do "Demônio de Laplace". Ou talvez Deus não jogue dados, mas apenas siga sua vontade, sendo a mesma não determinada por nada, nem mesmo por um objeto formal como o bem ou a verdade, tal como na teoria das verdades eternas de Descartes.

Na filosofia hindu
Swami Vivekananda resume: "a mente é parte integrante da natureza, a qual está vinculada à lei de causalidade. Porque a mente está vinculada a uma lei, ela não pode ser livre. A lei de causalidade como aplicada à mente é chamada karma."

Na filosofia budista
Thanissaro Bhikkhu ensina: "os ensinamentos de Buda sobre o karma são interessantes por causa da sua combinação de causalidade e livre-arbítrio. Se as coisas fossem totalmente causadas não haveria meio de se desenvolver uma habilidade -- suas ações seriam totalmente determinadas. Caso não houvesse causalidade alguma as habilidades seriam inúteis, pois as coisas estariam mudando constantemente sem qualquer tipo de rima ou razão entre elas. Mas é porque há um elemento de causalidade e porque há um elemento de livre-arbítrio que você pode desenvolver habilidades na vida. Você se pergunta: o que está envolvido no desenvolvimento de uma habilidade? -- basicamente isso significa ser sensível a três coisas: 1) é ser sensível a causas vindo do passado, 2) é ser sensível ao que você está fazendo no momento presente e 3) é ser sensível aos resultados do que você está fazendo no momento presente -- como essas três coisas vêm juntas.".

Na teologia, alguns dirão que a onisciência divina está em conflito com o livre-arbítrio. Afinal, se Deus sabe exatamente o que ocorrerá, incluindo cada escolha feita por cada pessoa, as escolhas livres são questionáveis.

Isso não é necessariamente verdade. A imprevisibilidade pode significar indeterminismo e não livre-arbítrio, dessa forma é possível que uma atitude seja livre, mesmo sendo previsível.

No pensamento cristão
Na teologia cristã Deus é descrito como onisciente e onipotente. Por causa disso muitas pessoas, cristãs e não-cristãs, acreditam não apenas que Deus sabe quais decisões o indivíduo tomará amanhã, mas também que Deus determina tais escolhas. Todavia, proponentes do livre-arbítrio alegam que o conhecimento de um acontecimento é totalmente diferente da causação do acontecimento.

No Espiritismo
Espíritas crêem que toda causa provoca um efeito e que todo efeito advém de uma causa. Neste contexto, Deus é a causa primária de todas as coisas. Acreditam que o livre-arbítrio ganha proporções maiores à medida que o grau de evolução (moral e intelectual) do espírito se desenvolve. O livre-arbítrio pode ser limitado em determinadas situações, quando isso proporcionar evolução na condição moral e intelectual do espírito, como exemplo, no caso das reencarnações compulsórias, onde o espírito "ocioso" é compelido a reencarnar mesmo contra sua vontade, subjulgando-se seu livre-arbítrio.

15 June, 2010

O Cavaleiro de Ouros

Ariana encheu um vasilhame com água, jogou algumas pétalas dentro e quis vislumbrar que tipo de Cavaleiro era aquele que ela já conhecia, mas que, porém, ela ainda não havia olhado para ele como um Cavaleiro.

Ele vinha segurando o pentáculo... Era o Cavaleiro de Ouros, responsável, humilde e honesto.

Nessa imagem o novo Cavaleiro não andava em direção à Ariana, nem se afastava. Ele estava ali, como se esperasse algo acontecer. Segurava um ramo de trigo na outra mão. Uma figura que demonstrou segurança e sensualidade sob o olhar de Ariana.

A água continuou refletindo aquele mesmo rosto, mas cavalo e elementos começaram a mudar de forma, primeiro apareceu copas representado pela água, o Cavaleiro ficou um bom tempo segurando o cálice e parecia vir na direção de Ariana; mas em seguida a taça transformou-se em um bastão, paus, simbolizando o fogo, a paixão, mas nesse momento o Cavaleiro recuou, afastando-se de Ariana; a espada, então, apareceu no lugar do bastão para representar o ar, o Cavaleiro avançou um pouco, recuou um pouco, como se estivesse se balançando ao vento... Depois voltou ao elemento original, do Cavaleiro segurando o pentáculo...

Ariana não havia entendido o que eram aqueles cavaleiros todos com o mesmo rosto. Precisava pedir ajuda a alguém.

14 June, 2010

Olhares sobre o mundo

Ariana fechou os olhos para poder ver melhor. Sim, com os olhos fechados.

Ela respirou fundo, viu a cor azul se aproximando e deixou o corpo relaxar ao som da música que vinha de dentro dela. Perfume de alguma flor que ela não lembrava o nome e um rosto familiar no horizonte de dentro dos seus olhos.

Ariana viu a sombra, viu a cor, viu os traços tomando forma. Ela gostou do que viu, conhecia o que aparecia para ela, mas não entendeu.

"O que está acontecendo? Mas... eu pensei que o Cavaleiro de Copas..." - ela pensou, confusa.

Uma voz dentro dela falou:

- O Cavaleiro de Copas tem um destino a cumprir. Você precisa seguir outro caminho, um caminho que te fará feliz, um caminho que fará a outra pessoa feliz também. O Cavaleiro de Copas te ajudou a ver o que você precisava. Você ajudou o Cavaleiro a encontrar a estrada certa. Já está feito. O futuro não está ainda definido, mas, neste momento, é hora de deixar partir, não há outra forma de ser neste momento.

- Nós ainda íamos nos ver mais uma vez...

- Se assim for, aproveite e despeça-se. Não há mais nada para vocês dois nesse caminho agora.

Ariana continuou deitada e relaxada, sentindo o perfume que a rodeava, a música que preenchia sua mente, pensou na forma que tinha visto vindo em sua direção, pensou que aquilo não fazia sentido, não podia fazer sentido... Como poderia fazer sentido?

Ariana respirou fundo mais uma vez e adormeceu...

13 June, 2010

Confusão

Confusão de sentidos dentro do meu peito...

Sensação de bem estar se mistura com solidão. Liberdade se mistura com expectativa. O sorriso é entremeado de lágrimas, de alegria, de memórias, de vontade de ficar bem, estar bem, ver meus filhos bem.

Insegurança por saber pouco. Felicidade de sentir tudo.

Saber pouco, mas sentir que hoje é um dia melhor do que ontem e que amanhã será ainda melhor.

Sentir vontade de viver e de experimentar a pessoa que se escondia dentro de mim.

Vontade de dividir isso com alguém.